Vim passar uns dias à cidade de Tomar, no distrito de Santarém. E claro, não podia deixar de escrever um pequeno guia para esta cidade no Centro de Portugal. Mas antes do guia quero-vos falar da História da cidade de Tomar, uma cidade templária.
Afinal, quem é que não gosta de recordar um bocadinho a História de Portugal enquanto viaja? Continua a ler para aprenderes um bocadinho sobre esta cidade. Não podia deixar de recomendar que lesses este post sobre a História de Tomar antes de visitares Tomar. Vamos lá começar?
A cidade de Tomar foi fundada pelos Templários, uma irmandade de monges-guerreiros oriundos de França e da Borgonha, que pretendiam não só proteger os peregrinos que se deslocavam a Jerusalém, mas também defender os estados cristãos da Terra Santa, entre os quais o recém-criado reino de Portugal.
Depois da conquista definitiva da região pelo Rei D. Afonso Henriques em 1147, a terra foi doada como feudo à Ordem dos Templários. Foi aí que fundaram o Castelo e a Vila de Tomar, sede da Ordem do Templo no nosso país.
O Grão-Mestre desta Ordem, Dom Gualdim Pais, iniciou em 1160 a construção do Castelo e Convento que viria a ser a sede dos Templários em Portugal.
Com vista a pôr fim ao seu poder, a Ordem foi mais tarde perseguida por Filipe IV de França e extinta a 1311 pelo Papa Clemente V.
Em 1314, sob pressão do Papa, que queria abolir a Ordem Templária de toda a Europa, o Rei D. Dinis, persuadiu o Vaticano a criar a nova Ordem de Cristo e transferir todas as propriedades e pessoal dos Templários para esta. Esta Ordem foi sediada primeiramente em Castro Marim em 1319 mas em 1356 regressou a Tomar.
O Infante Dom Henrique foi designado, mais tarde, Governador da Ordem, entre 1420 e 1560, e acredita-se que os recursos e conhecimentos desta lhe foram cruciais para o sucesso das suas expedições para África e o Atlântico, os Descobrimentos. Tornou-se assim, em termos práticos, o primeiro mestre laico da Ordem.
A Cruz da Ordem de Cristo era pintada nas velas das caravelas que partiam, enquanto todas as igrejas cristãs além-mar permaneceram sob jurisdição do Prior de Tomar até 1514. A ainda existente Igreja de Santa Maria do Olival, com os seus símbolos místicos Templários foi construída como igreja-mãe de todas as novas igrejas construídas nos Açores, Madeira, África, Brasil, India e Ásia.
O Infante Dom Henrique foi o primeiro, depois de Gualdim Pais, a renovar todo o complexo do Convento de Cristo. Além disso desviou o rio Nabão, permitindo drenar pântanos e prevenindo cheias. Deste modo a cidade conseguiu aumentar significativamente de tamanho. As novas ruas foram desenhadas na forma geométrica de hoje segundo as suas orientações.
Com a expulsão dos judeus de Espanha em 1492, a cidade que tinha uma boa sinagoga acolheu grande número de artesãos, profissionais e mercadores refugiados. A muito significativa população judaica deu novo ímpeto à cidade, com a sua experiência nas profissões e no comércio. Estes foram vitais para o bom êxito da abertura das novas rotas comerciais em África na época dos Descobrimentos.
A sinagoga original, mandada construir pelo Infante Dom Henrique, ainda existe.
Durante o Reinado de D. Manuel I o Convento tomou a sua forma final, com predomínio do novo estilo Manuelino. Com a crescente importância da cidade enquanto mestre do novo império comercial português, o próprio Rei pediu e recebeu do Papa o título de Mestre da Ordem.
Depois do estabelecimento de um Tribunal da Inquisição na cidade, iniciou-se a perseguição dos cristão-novos, que atingiu o pico por volta de 1550. Muitos conseguiram fugir para os Países Baixos, o então Império Otomano ou Inglaterra. Muitos destes judeus foram presos, torturados e executados em Autos-de-Fé.
Ainda hoje são muito comuns os nomes ou descendentes de cristão-novos entre os habitantes de Tomar.
A Ordem de Cristo, a partir daqui também passou a ser exclusivamente monástica, ou seja, apenas com monges e monjas que abdicavam dos objetivos comuns dos homens em prol da prática religiosa.
Muitos documentos alojados no castelo foram queimados nas fogueiras da Inquisição, numa ação levada a cabo pelo inquisidor Reverendo Padre Frei António de Lisboa.
A cidade acolheu as Cortes de Tomar de 1581 que aclamaram o rei Filipe II de Castela e I de Aragão como Filipe I de Portugal, tornando-o monarca único de toda a Península Ibérica, na época da terceira dinastia portuguesa.
No Convento de Cristo constroem-se várias obras notáveis, como o Aqueduto de seis quilómetros e 180 arcos de volta perfeita, iniciado por encomenda de Filipe I e concluído na sua totalidade em 1619.
No século XVIII, Tomar tornou-se numa das cidades industrialmente mais vibrantes de Portugal.
O Marquês de Pombal abre em 1789 a Real Fábrica com um mecanismo hidráulico inovador. No reinado de D. Maria I foi fundada outra Fábrica de Fiação por Jácome Ratton. O fluxo do rio era usado para produzir trabalho nesta e em muitas outras indústrias, com as do papel, vidro, sabões, sedas, metalúrgicas e outras.
Tomar esteve sob ocupação militar durante as Invasões Francesas ordenadas por Napoleão Bonaparte. Foi liberada pelas tropas luso-inglesas comandadas pelo Duque Wellington.
Em 1834, como a instauração do Liberalismo foram abolidas todas as ordens religiosas em Portugal e juntamente com elas a Ordem de Cristo.
E assim, muito resumidamente esta é a história da cidade de Tomar. Uma cidade muito antiga e com bastante importância na história de Portugal.
Espero que saberem um bocadinho da história de Tomar vos faça querer visitar já hoje esta cidade.
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